quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Tolerância

Tolerância é uma palavra que tem origem no latim, podendo ser empregada como um termo que define um grau de aceitação diante de um elemento contrário a uma regra. Na verdade sua definição pode ser colocada como um ato de indulgência perante algo que não se quer ou algo que não se pode impedir. Seus significados mais usuais são aceitar ou suportar.

Para vivermos em sociedade podemos afirmar ser ela um elemento essencial, posto que, um ser humano tolerante é aquele que aceita as diferenças trazidas ou expressadas pelo outro, sejam elas de cunho comportamental, de opinião, sexual entre outros.

Contrariamente, o ser intolerável é justamente o que não respeita às contrariedades, baseado num senso social que tem pra si como sendo o único e correto, ou seja, apenas a sua visão sobre os elementos é que deve ser acatada.

Ocorre que, no mundo de hoje, até onde o ser humano é capaz de ser tolerável? 

Estamos vivenciando uma época em que a intolerância é praticada diariamente por meio de acontecimentos diversos. Tais acontecimentos são provenientes das mais variadas e até inusitadas situações. Ocorrem no trânsito caótico da metrópole, no seio familiar, nas instituições de ensino de qualquer espécie, públicas ou privadas, no âmbito profissional, etc.

O mais recente caso de intolerância foi registrado na semana passada num episódio ocorrido dentro de um estádio de futebol. Naquela ocasião, uma torcedora do grêmio movida por seu fanatismo e uma boa dose de falta de educação e sensibilidade promoveu ofensas dirigidas ao goleiro da equipe adversária, xingando-o de macaco. Com certeza, em sua defesa, ela jamais assumirá que a leitura labial flagrada pelas câmeras de segurança do estádio foram, de fato, promovidas com a intenção de ferir a honra do jogador da equipe santista que é negro. A alegação será a de que no ímpeto caloroso daquela partida, proferiu os xingamentos juntamente com parte da "massa" de torcedores gremistas, buscando, com isso, a isenção de sua responsabilidade.

Especificamente no caso dessa torcedora, a sociedade busca e almeja uma punição a altura, já que se tratou de um caso "midiático. Mas e nos tantos outros casos de intolerância que acontecem Brasil afora? Como ficam as punições? Elas acontecem realmente?

Acho que esse caso em comento teve até um certo exagero promovido por aqueles que buscam na audiência o seu maior trunfo. Não estou de forma alguma defendendo ou acatando o comportamento praticado pela ofensora (e que muitos alegam ser racista). Mas acredito que em muitas situações exageramos em importância para certos casos e nos esquecemos completamente de outros. Isso não pode acontecer. Tenho plena convicção de que muitos outros torcedores também promoveram palavras de cunho ofensivo ao goleiro santista, mas não foram flagrados pelas câmeras. Consequentemente, ficarão sem punições e voltarão a frequentar estádios de futebol levando consigo sua natureza intolerante.

A punição tem de existir e deve ser pra todos aqueles que agirem de forma intencional. Como disse anteriormente, esse foi apenas um episódio.

Temos intolerância praticada por um simples "fechada" no trânsito, onde pessoas se agridem e chegam até a causar a morte de outras. Temos intolerância nas escolas onde crianças atacam professores e vice e versa. Temos intolerância diária praticada por marginais que ceifam à vida de inocentes para retirar deles objetos de pequeno ou nenhum valor, mas simplesmente pelo prazer de fazer mal ao próximo.

Dito isso, trago de volta a questão que deixei sem resposta. Até onde podemos ser tolerantes diante de uma sociedade sem valores, sem respeito ao próximo, cada vez mais preocupada com os próprios umbigos, ou seja egoísta?

Hoje, a socialização é feita por meio de redes sociais e smartphones. Não existe mais diálogo. Isso contribui para a formação de seres menos capazes de aceitar condições adversas, os tornando no futuro potenciais praticantes de condutas intoleráveis.

Portanto, devemos repensar com um certo ar de preocupação na formação e educação das crianças e dos mais jovens. Pois podemos fazer deles uma geração muito mais tolerante e decente com tudo e com todos.

O intolerante maltrata homens, mulheres, animais, faz distinção por raça, cor, crença. O tolerante agrega valores a sua pessoa. Conquista conhecimentos, faz amizades verdadeiras e leais, respeita posições e pensamentos distintos e tira de cada diferença existente uma lição positiva para fazer algo melhor no dia seguinte.

Ainda dá tempo de se construir uma sociedade mais amável e menos agressiva.

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